sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Destruição de Jerusalém

Sucinta apresentação da doutrina bíblica referente à destruição de Jerusalém; doutrina que encontramos não somente em uma única passagem, mas em varias passagens bíblicas, principiando no AT e com continuidade no NT e chegando por fim a seu cumprimento no ano 70 d. C.

Daniel 9:24
– 27

"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador".

O texto começa dizendo: "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade". O sentido literal da expressão "setenta semanas" é "setenta setes" Cada sete refere-se a um período completo, a 70 anos. Sendo que no lugar de dizermos que cada sete refere-se há 7 anos devemos entender que cada sete tem referência há 70 anos completos. Destes "setenta setes" Daniel estava vivendo no período do primeiro sete, o que equivale como já disse, 70 anos conforme Daniel 9:2 que diz: "No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos". Daniel estava vivendo no período destes 70 anos no exílio, na Babilônia. Ele compreendendo que este exílio era a punição de Deus contra os seus pecados e os do povo ele orou a Deus confessando os seus pecados e os do povo, clamando por misericórdia. cf. Dn 9:3 – 19. E também compreendeu que o fim das presentes assolações que o povo e Jerusalém estava passando em breve terminaria. cf. Jr 25: 11-12; Dn 9:2. Pois bem, no fim da sua oração como registrado no texto vem até ele o homem Gabriel para trazer-lhe instruções, para fazer-lhe entender o sentido. cf. v. 22.

O que nos interessa analisar agora é a última semana, ou, últimos 70 anos da profecia do texto acima. A última semana apresentada no v. 27! O versículo começa dizendo: "E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação". Isto tem referência direta com a obra realizado pelo Messias em sua manifestação.

Ele confirmou a Aliança da Graça outrora revelada não somente a Abraão, como sendo ele o futuro pai de todos o que creriam no Evangelho, não somente dos judeus, mas também dos gentios, mas também revelada no Éden onde foi prometido àquele que esmagaria a cabeça da serpente. cf. Gn 22: 16 – 18; Gl 3:7; Gn 3: 14, 15. "poderíamos retroceder até a eternidade para falar desta Aliança, mas não faz-se necessário" O que nos interessa saber é que tratasse da Aliança da Graça. Pois bem, Cristo a confirmo executando a sua obra redentora. O versículo diz: ele firmará aliança com muitos por uma semana. Isto ocorreu quando o Senhor Jesus morreu e ressuscitou dentre os mortos, e conseqüentemente subiu novamente ao céu, à direita de Deus. Esta obra foi realizada na metade da semana, ou melhor, durante os 70 anos do período da era cristã. O versículo também nos diz: e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação". Isto significa que já não mais se ofereceria sacrifícios de animais, pois o sacrifício de Cristo deu fim aos antítipos. Ele é o tipo que os antítipos representavam, Ele é "o Cordeiro de Deus". Assim com sua obra redentora não mais seriam necessários os inúmeros sacrifícios expiatórios que se ofereciam sob a Antiga Aliança.

O versículo prossegue dizendo que sob "a asa das abominações virá o assolador". Não nos esqueçamos que estamos analisando a última semana das "setenta semanas", ou melhor, dizendo, estamos analisando o período do ano 1 ao ano 70 da era cristã.

Já vimos que na metade da semana ouve a ratificação da Aliança da Graça mediante a obra redentora de Cristo, e que devido essa obra já não mais se oferece sacrifícios de animais como expiação pelo pecado. Pois bem, o texto nos diz que sob a asa das abominações virá o assolador. Pergunto: quem é esse assolador senão Tito, general romano? A parte b do versículo 26 nos diz: "e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações". Semelhante a sentença registrada na parte b do versículo 27 que diz: "e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador".

Assim temos nas partes "a" dos vs. 26 e 27:

E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; v. 26a. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação v. 27a.

E assim também nas partes "b" dos mesmos versículos:

"E o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações". v. 26b. "E sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador". v. 27b.

Nesta passagem de Daniel 9:24 – 27 temos referencia a Cristo e ao Assolador de Jerusalém. E tudo concernente a eles cumpriu-se na última semana das setenta semanas determinadas sobre o povo Judeu.

Isto esta em perfeita harmonia com as palavras de Jesus em Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".

Olhemos o pano de fundo para que possamos compreender melhor a harmonia da doutrina. No capitulo 23 de Mateus, versículos 32 em diante temos:

Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno? Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração. MT 23:32, 36.

Temos aí o anuncio preliminar da destruição que em breve sobreviria sobre Jerusalém e conseqüentemente sobre o templo. Jesus diz àquela geração: "Enchei vós, pois, a medida de vossos pais". Deus estava prestes a punir aquele povo. Já não mais haveria Aliança com os Judeus como nação santa, como povo privilegiado de Deus. Isto teria um termino. E Deus confirmou com a destruição de Jerusalém. Os Judeus seriam massacrados em breve. Muitos seriam espalhados entre as nações. Pois o que Deus estava prestes a realizar (a extensão do Evangelho a todos os povos) era para todos os povos, línguas e nações e não exclusivamente para uma nação ou grupo especifico de pessoas.

Assim, desde o sangue justo de Abel, até o sangue de Zacarias, juntamente com o sangue do próprio Cristo e dos recém Apóstolos e Profetas que Cristo em breve enviaria, os quais os Judeus matariam, açoitariam e perseguiriam de cidade em cidade assim como os pais deles haviam praticado outrora, eles, os Judeus seriam punidos por essas atrocidades. A medida dos pecados desse povo estava já a transbordar e Deus estava prestes a puni-los! Nos versículos 37 a 39 de Mateus capitulo 23 temos: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor". Este povo havia matado os profetas do AT e esta prestes a assassinar o seu próprio Messias, como também os seus Apóstolos e Profetas que ele enviaria. Para confirmação dessa perseguição dos Judeus sobre os discípulos de Jesus bastará ler o livro de Atos dos Apóstolos.

Retornando a Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".

Mateus não explica quem é este abominável da desolação explicitamente, mas dá-nos tão somente uma idéia de quem ele seria. Mas Lucas nos diz com maior clareza. Vejamos: Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Lucas 21: 20:22.

Diz Lucas que são dias de vingança! Vingança sobre os Judeus assassinos dos Profetas e do próprio Cristo. Note a ênfase "Jerusalém cercada de exércitos"; Tito cercou Jerusalém, ele a sitiou e por fim a arrasou no ano 70 d. C. cumprindo assim a profecia de Daniel e as palavras do Senhor Jesus nos Evangelhos.

Esta é uma doutrina totalmente harmoniosa. Ela dá satisfação ao pronunciado séculos antes por Daniel. Ela é confirmada com as Palavras de Jesus em Mateus 24: 15 que diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda". É fato que Jesus se referiu a mesma profecia de Daniel e é fato também que tudo já se cumpriu.

Jesus ao dizer: "não ficará pedra sobre pedra", não esta falando que as pedras em si seriam reduzidas a pó. Não devemos tomar estas palavras ao pé da letra, pois na verdade ele esta tão somente afirmando a destruição inevitável que sobrevirá sobre Jerusalém. Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta. cf. MT 23: 38. E de fato ficou deserta! já não se encontrava mais uma nação judaica, já não se encontrava mais uma cidade ali, onde foi Jerusalém, já não se encontrava mais ali o templo.

Em Cristo,

Flávio Teodoro

Um comentário:

M. MARTINS disse...

As profecias bíblicas são uma grande prova de que as Escrituras Sagradas são as inerrantes e imutáveis palavras do Espírito de Cristo. Devemos confiar em Sua palavra, pois nela encontramos segurança, direção e conforto para as nossas vidas.

Parabéns, Flávio, pelo artigo. Agora não se esqueça que precisamos voltar a discutir sobre a questão do milenismo (PRÉ, A e PÓS) rssss